O câncer é um agravo crônico que
pode evoluir para mais de 100 tipos diferentes de doenças. Diferentes
substâncias químicas podem, comprovadamente, causar câncer. A Organização Mundial
da Saúde, por meio da IARC (Sigla em inglês para Agência Internacional de
Pesquisa sobre o Câncer), realiza e acompanha estudos em todo o mundo que
relacionam a exposição a produtos químicos e outros agentes com a ocorrência de
neoplasias. Dentre as substâncias classificadas pela IARC como comprovadamente
cancerígenas está o asbesto, cuja forma mais purificada é o amianto (INTERNATIONAL
AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2017).
O
amianto já foi proibido em diversos países, como Itália, Canadá, Alemanha, e Inglaterra.
Mesmo sendo comprovadamente cancerígeno e contando com forte mobilização da
sociedade, seu uso ainda é permitido no Brasil (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
EXPOSTOS AO AMIANTO, 2017).
Acesse as Diretrizes para Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho, elaboradas pelo Instituto Nacional do Câncer clicando aqui. |
O amianto é um
mineral utilizado em diferentes ramos da indústria, tais como caixas d’água,
telhas de fibro-cimento, pastilhas de freio de carros, entre outros materiais
resistentes ao calor. Os/As trabalhadores/as que extraem esses materiais das
minas ou trabalham nas indústrias que o utilizam são especialmente atingidos,
podendo provocar sérias repercussões para saúde, desde doenças respiratórias,
principalmente a asbestose (caracterizada pelo endurecimento dos pulmões) até o
mesotelioma, tipo de câncer que atinge os tecidos que revestem os pulmões, o estômago, o coração
e outros órgãos. Além dos trabalhadores diretamente expostos, também podem
adoecer as pessoas que entram em contato com a roupa contaminada com produtos
derivados do amianto desses trabalhadores, tais como, os seus familiares e/ou
outros profissionais de serviço de limpeza de fardamento, ou mesmo que tenham
telhas ou utilizam caixas d'água com amianto nas residências por meio de
contaminação ambiental.
Em Pernambuco,
entre 2007 e 2017, foram registrados no Sistema Nacional de Agravos de
Notificação (SINAN), seis casos de câncer relacionado ao trabalho, todos por
mesotelioma. Por existirem diversas indústrias e produtos químicos com amianto
em sua composição no estado de Pernambuco, esses números não refletem a
realidade da ocorrência deste agravo no estado. Assim, para fortalecer a
vigilância de casos de câncer provocados pelo amianto, o Centro de Referência
em Saúde do Trabalhador de Pernambuco, em parceria com o Registro Hospitalar de
Câncer - Pernambuco (RHC-PE) visitou unidades que realizam diagnóstico e
tratamento do câncer em Pernambuco, tais como Hospital do Câncer de Pernambuco
(HCP), o Instituo Materno Infantil (IMIP) e o Hospital Universitário Oswaldo
Cruz (HUOC) para buscar no Registro Hospitalar de Câncer (RHC) dessas unidades casos
de mesotelioma.
Com essa
iniciativa, foram identificados 20 casos de mesoteliomas que não constavam no
SINAN. Em seguida, será feita entrevista com os pacientes e os seus familiares
para que seja possível realizar o nexo técnico epidemiológico entre a exposição
ao amianto e a ocorrência do câncer. Registros na literatura afirmam que há
forte correlação dos casos de mesotelioma devido à exposição ao amianto (DE CAPITANI et al., 1997).
Por meio
dessas ações, a Secretaria Estadual da Saúde reforça a necessidade de diagnóstico
e registro de casos de câncer relacionado ao trabalho, utilização de produtos
químicos que não utilizem amianto em sua composição, assim como a necessidade
do banimento do uso dessa substância no Brasil.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS EXPOSTOS
AO AMIANTO (ABREA). História do amianto. Disponível em: http://www.abrea.com.br/o-amianto/hist%C3%B3ria-do-amianto.html.
Acesso em: 31 jul 2017.
DE CAPITANI, E. M. et al. Mesotelioma maligno de pleura com associação
etiológica a asbesto: a propósito de três casos clínicos. Revista da
Associação Médica Brasileira, 43(3): 265-72, 1997.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER
(IARC). Agents Classified by the IARC Monographs, Volumes 1–119. Disponível
em: http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/ClassificationsAlphaOrder.pdf.
Acesso em: 31 jul 2017.
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