23 de dez. de 2009

Estudo revela fatores que ocasionam pressão arterial em motoristas de táxi


Da assessoria da ENSP, publicada em 23/12/2009

Com o objetivo de avaliar a associação entre fatores ocupacionais e a ocorrência de hipertensão arterial em um grupo de motoristas de táxi do município do Rio de Janeiro, foi realizada na ENSP, pelo aluno Marcelo Carvalho Vieira, a defesa de mestrado em saúde pública "Hipertensão arterial e características ocupacionais em motoristas de táxi no Município do Rio de Janeiro". Sob a orientação da pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz), Marisa Moura, o aluno observou que os motoristas são freqüentemente submetidos a inúmeras exposições ambientais adversas, como calor, vibrações, ruído intenso, gases tóxicos provenientes da exaustão de combustíveis fósseis, além de longas jornadas de trabalho, e associou esses fatores à qualidade da saúde dos trabalhadores.

De acordo com o aluno o estudo procurou descrever características sócio-demográficas, ocupacionais e analisar a freqüência de fatores de risco para hipertensão arterial nesta população. Foi um estudo epidemiológico do tipo seccional e de caráter exploratório, realizado entre os meses de novembro de 2008 e abril de 2009. Foram entrevistados 496 taxistas que utilizavam os pontos de parada regulamentados pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Marcelo utilizou um questionário com perguntas sobre presença e controle da hipertensão arterial, fatores de risco para seu desenvolvimento, perfil sócio-demográfico e características ocupacionais para obter os dados.

Segundo o autor do estudo, entre os entrevistados, 110 (22,2%) apresentaram diagnóstico anterior de hipertensão arterial. "Uma das coisas que observei e que chamou muito minha atenção foi que o grupo estudado apresentou elevadas freqüências de excesso de peso e sedentarismo. Além disso a maioria tem uma carga de trabalho alta", explicou. Nas pesquisas o aluno constatou que 44% dos entrevistados afirmaram trabalhar 7 dias por semana e 92% referiram jornadas de trabalho maiores do que 8 horas por dia.

Outros fatores observados por Marcelo foram em relação à propriedade de permissão e o tempo acumulado de trabalho como taxista. "Apenas 286 motoristas se declararam proprietários da licença. Este fator é muito importante para eles, pois os que não são proprietários geralmente pagam diárias, o que pode submetê-los a pressões financeiras, acarretando problemas à saúde. O tempo acumulado de trabalho como taxista apresentou relação estatisticamente significativa com a hipertensão arterial", enfatizou.

O aluno explicou que a chance de apresentar hipertensão arterial entre os que trabalhavam como motorista de táxi por 11 a 20 anos foi o dobro daquela observada entre os que trabalhavam há menos de 10 anos, independentemente da idade. Segundo ele, neste grupo de trabalhadores foi encontrada uma elevada freqüência de fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial.

Para Marcelo a realização do estudo mostrou que faz-se necessária a criação de estratégias para promover a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e melhorar as condições de trabalho dos motoristas de táxi. Além de ser imprescindível a realização de novas pesquisas científicas com estes profissionais, a fim de aprofundar as questões relativas ao envolvimento das atividades ocupacionais no processo saúde-doença, visto que não foram identificados estudos nacionais que tivessem abordado a questão da saúde dos taxistas até o momento.

15 de dez. de 2009

As primeiras vitórias da Confecom

Por Altamiro Borges

A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que deve agitar Brasília de 14 a 17 de dezembro, já representa uma histórica vitória dos movimentos sociais que há muito lutam contra a ditadura midiática instalada no país. Ela só foi convocada, durante o Fórum Social Mundial em janeiro, em Belém, por pressão destes setores. E, apesar das sabotagens das principais entidades empresariais, ela só vingou graças à habilidade dos mesmos movimentos sociais, que não caíram nas armadilhas dos barões da mídia que pretendiam inviabilizar a conferência.

A partir do decreto presidencial convocando a Confecom, em abril, o debate sobre o papel dos meios de comunicação se avolumou em todo o território nacional. Como afirma o presidente Lula, nunca antes na história deste país se discutiu tanto este tema estratégico. Concluída suas etapas municipais e estaduais, já pode se afirmar que a Confecom obteve uma vitória pedagógica, caminha para consolidar um saldo organizativo e pode, ainda, conquistar vitórias concretas no pós-conferência. Estes três avanços já são motivos de comemoração dos movimentos sociais.

O saldo pedagógico

Antes da convocação da Confecom, o direito humano à comunicação era entendido por restritos núcleos de “especialistas” no tema, que tiveram o mérito de erguer a bandeira da democratização do setor há mais de duas décadas. Apesar de duramente criminalizados pela mídia, o grosso dos movimentos sociais ainda não encarava esta frente como prioritária. A preparação da conferência começou a alterar este cenário, num esforço pedagógico sem precedentes na nossa história.

Em curto espaço de tempo, centenas de encontros ocorreram no país – entre conferências livres, seminários e as etapas municipais e estaduais da Confecom. Ainda não foi contabilizado o total de participantes deste processo, mas estima-se em mais de 30 mil ativistas envolvidos. Além da crítica à mídia hegemônica, concentrada e manipuladora, os participantes formularam propostas concretas para o setor. No total, 6.101 sugestões foram apresentadas. O saldo, bastante positivo, é que milhares de ativistas passaram a militar na luta pela democratização da comunicação.

O saldo organizativo

Como festejou Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na abertura da etapa paulista da Confecom, não há mais retorno neste rico processo de mobilização. “Botamos o pé na porta”. A partir desta primeira conferência, a tendência é que cresça a pressão e a organização da sociedade na luta pela democratização do setor. Vários estados já discutem a manutenção das comissões da “sociedade civil” que organizaram a conferência, como forma de se ampliar e dar maior organicidade a este movimento democratizante.

O saldo organizativo já se reflete em vários setores. As rádios comunitárias, historicamente tão criminalizadas, conquistaram novo patamar de legitimidade. Os blogueiros, antes tão dispersos, também debatem novas formas de organização. O Fórum de Mídia Livre (FML), que realizou o seu segundo encontro no início de dezembro, firma-se como um pólo aglutinador dos fazedores independentes de mídia. Até entre os “empresários progressistas”, que cavaram sua participação peitando os barões da mídia, já se discute uma forma própria de organização do setor.

Os avanços concretos

Mas as vitórias da Confecom não são apenas políticas – pedagógicas e organizativas. Elas podem se refletir também em avanços concretos, práticos, no processo de democratização dos meios de comunicação. Algumas propostas já poderão se tornar exeqüíveis a partir de iniciativas diretas do Poder Executivo, sem depender do Poder Legislativo num ano de campanha eleitoral. Na semana passada, por exemplo, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da Republica (Secom) anunciou que incluirá em seu plano de mídia as TVs comunitárias, bancando publicidade oficial, o que representa uma conquista dos cerca de 60 canais comunitários de sinal fechado do país.

A exemplo das outras 61 conferências realizadas pelo governo Lula, a Confecom não tem poder deliberativo. Ela sugere políticas públicas e regulamentações para os poderes constituídos. Neste sentido, as sinalizações também são positivas. As 59 propostas apresentadas pelo governo visam democratizar o setor, assimilando históricas reivindicações dos movimentos sociais. Para Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília e integrante da Junta Diretiva da Telesur, “elas indicam um importante grau de sintonia entre governo, amplas parcelas do movimento sindical-social e segmentos anti-monopolistas do empresariado”.

Uma estratégia para avançar
Como se constata, a Confecom tem tudo para representar uma expressiva vitória dos movimentos sociais. Segundo Jonas Valente, membro do Coletivo Intervozes, “a etapa nacional, depois de um difícil desenrolar, pode colocar a Confecom como ponto de virada na história das comunicações brasileiras”. No mesmo rumo, Beto Almeida observa que a Confecom “não fará o ajuste final de contas com a ditadura midiática... Mas ela é uma etapa mais elevada desta longa caminhada, que deve ser aproveitada para alinhavar a sustentação e implementação de várias mudanças”.

Para fazer vingar as mudanças neste setor, o desafio agora é definir uma estratégica certeira. De forma resumida, ela deve priorizar as propostas essenciais, evitando-se a dispersão em mais de 6 mil sugestões; precisa unificar o campo popular e democrático, já que os barões da mídia farão de tudo para bancar seus interesses mercadológicos; precisa estabelecer uma aliança prioritária com os setores progressistas do governo Lula, já que a aprovação de qualquer proposta necessita de 60% dos votos; e deve explorar todas as contradições do meio empresarial, sem se submeter ao falso “nacionalismo” dos radiodifusores ou ao falso “pluralismo” das teles estrangeiras.


Leia o Blog do Miro.

Altamiro Borges



retirado de
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7854

14 de dez. de 2009

Termina a I Conferência Nacional de Saúde Ambiental


Assessoria da CNSA

Após quatro dias de debates terminou último sábado (12/12), em Brasília, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), coordenada pelos Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Cidades. Cerca de 1.500 pessoas, entre delegados, convidados e observadores internacionais participaram do evento que definiu 24 diretrizes e 48 ações estratégicas para a construção da primeira Política Nacional de Saúde Ambiental.

Na avaliação de Guilherme Franco Netto, coordenador geral da 1ª CNSA e diretor de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, a CNSA conseguiu trabalhar de maneira muito propositiva, e vai contribuir na elaboração de diversas políticas públicas, o que vai contribuir para a qualidade de vida dos brasileiros. “Posso afirmar que a coragem e a determinação dos delegados de todo o Brasil tornaram possível a realização dessa Conferência”.

Para Netto, as deliberações e diretrizes propostas contribuirão na elaboração de diversas políticas públicas e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. “O governo brasileiro poderá dizer em Copenhague que aqui fomos capazes de discutir a Saúde Ambiental em nível elevado".

O gerente de projetos do Ministério do Meio Ambiente e membro da Comissão Organizadora Nacional (CON/CNSA) ressaltou a importância do evento para as discussões sobre as propostas de políticas públicas. “A CNSA aponta diversas ações para o fortalecimento das áreas da saúde, meio ambiente, infrastrutura e planejamento urbano”.

Na opinião de Elcione Diniz Macedo, diretor de Desenvolvimento Institucional do Ministério das Cidades, outras conferências devem se espelhar na intersetoriedade proposta pela CNSA. “A CNSA foi objetiva usando uma metodologia que aponta 24 diretrizes e 48 ações estratégicas. A saúde, o meio ambiente e o saneamento devem buscar um objetivo comum para fazer uma política transversal”.

Segundo Marta Sinoti, analista técnica do Ministério das Cidades e membro da CON, não tem como separar a saúde, o meio ambiente e as cidades. “Discutir saúde ambiental é discutir também o modelo de cidades que a população quer. Nesse processo final da CNSA, vimos que as pessoas querem registrar suas impressões. A Conferência é um fórum importante para consolidar a democracia brasileira”.

Andréa Nascimento, delegada do Espírito Santo, emocionada disse que por meio da sua participação na CNSA, teve certeza que o povo tem força para mudar qualquer situação. “Fiquei nervosa com a organização no primeiro dia do evento. Nunca tinha participação de uma conferência e nem conhecia o processo. Vi a força do povo. Aqui ajudamos a construir políticas públicas”, finaliza.

O objetivo da 1ª CNSA foi o de promover o debate social sobre as relações entre produção e consumo, seus impactos na saúde e no ambiente, estruturação de territórios sustentáveis nas cidades, no campo e nas florestas. Dessa forma, as ações e diretrizes definidas na Conferência devem subsidiar a construção de uma política integrada para a redução de riscos à saúde pela melhoria das condições de vida da população, bem como pela diminuição dos danos ao meio ambiente.
A 1ª CNSA mobilizou mais de 60 mil pessoas em todo o país durante as etapas preparatórias. Foram realizadas 285 conferências municipais, 151 regionais ou microrregionais, 26 estaduais e uma distrital.
Os temas debatidos na plenária nacional incluíram a necessidade de processos produtivos e consumo sustentáveis; melhoria de infraestrutura, como o saneamento; articulação interinstitucional, ações integradas e controle social; territórios sustentáveis, planejamento e gestão integrados; educação, informação, comunicação e produção de conhecimento; e marco regulatório e fiscalização.
Estes assuntos foram discutidos e eleitos como prioritários com base nos três eixos temáticos da 1ª CNSA: I – Desenvolvimento e sustentabilidade sócio-ambiental no campo, na cidade e na floresta; II – Trabalho, ambiente e saúde: desafios dos processos de produção e consumo nos territórios; III – Democracia, educação, saúde e ambiente: políticas para a construção de territórios sustentáveis.

Confira o resultado da 1ª CNSA no site: http://189.28.128.179:8080/cnsa

11 de dez. de 2009

Unidade sentinela em saúde do trabalhador é inaugurada no HAM

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) inaugura nesta quinta-feira (10/12), às 14h, mais uma unidade sentinela em saúde do trabalhador. Dessa vez, no Hospital Agamenon Magalhães (HAM). O novo setor terá a missão de identificar os acidentes de trabalho que ocorrem em Pernambuco e dão entrada numa das maiores emergências do Estado. Pela primeira vez, os dados serão computados para auxiliar na construção de políticas públicas mais consistentes na área.

Oitenta e quatro profissionais que vão trabalhar nas unidades sentinelas já foram treinados para saber distinguir o que é ou não é um acidente de trabalho. A capacitação englobou servidores dos hospitais da Restauração, Getúlio Vargas, Barão de Lucena, das Clínicas, além do Cisam e da Unidade Mista Torres Galvão, em Paulista. Outros 14 profissionais do Hospital Geral de Areias também foram treinados. A inauguração do serviço nessa última unidade de saúde ocorreu nesta quarta-feira (09/12).

Pernambuco não possui dados epidemiológicos em saúde do trabalhador. Gildázio Moura, gerente de Saúde do Trabalhador, informa que a unidade sentinela possui uma importância fundamental para a sociedade. “Uma pessoa que cai de uma moto e é levado a um hospital pode ser um acidente de trabalho. O que precisamos fazer é investigar, acolher e notificar se aquele trauma, por exemplo, pode ter ocorrido quando o paciente estava entregando uma pizza”, explica Gildazio Moura.

O gerente foi o coordenador de um estudo inédito, em 2008, para saber quantos acidentes de trabalho poderiam ser computados se fosse instalada uma unidade sentinela no Hospital da Restauração. Durante as 720 horas de análise, foram registrados 542 casos. Ou seja, aproximadamente a cada hora, um acidente de trabalho é registrado na unidade de saúde, sendo a maior parte ligada à construção civil.
Com a entrada de mais duas unidades sentinelas, já são 12 inauguradas em quatro meses. Equipados com computador e impressora, os profissionais vão ganhar um espaço reservado nos hospitais para notificar os casos de acidente de trabalho, logo que os pacientes derem entrada nas unidades de saúde. “Até maio de 2010, a expectativa é que possamos trabalhar com os números gerados por os 30 setores”, estima o gerente Gildazio Moura.

Cerest Estadual participa de ação alusiva ao Dia da Mulher promovida pelo Sindicato dos Entregadores por APP

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