Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é a perda provocada pela exposição por tempo prolongado ao ruído. Configura-se como uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído (CID 10 – H 83.3). Consideram-se como sinônimos: perda auditiva por exposição ao ruído no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda auditiva induzida por ruído ocupacional, perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional.
Os dados epidemiológicos sobre perda auditiva no Brasil são escassos e referem-se a determinados ramos de atividades e, dão uma idéia parcial da situação de risco relacionada à perda auditiva, portanto, não há registros epidemiológicos que caracterizem a real situação. Estima-se que 25% da população trabalhadora exposta (BERGSTRÖM; NYSTRÖM, 1986; CARNICELLI, 1988; MORATA, 1990; PRÓSPERO, 1999) seja portadora de PAIR em algum grau. Apesar de ser o agravo mais freqüente à saúde dos trabalhadores, seus dados de prevalência no Brasil são pouco conhecidos. Isso reforça a importância da notificação, que torna possível o conhecimento da realidade e o dimensionamento das ações de prevenção e assistência necessárias.
A PAIR é passível de prevenção e pode ter como
conseqüências prejuízos de diferentes naturezas, podendo levar à incapacidade
auditiva, disfunções auditivas – como zumbidos e alterações vestibulares – e
mesmo dificultar a inserção no mercado de trabalho. No Brasil, apesar da
evolução dos conhecimentos e da legislação sobre a PAIR, ainda ocorrem casos de
trabalhadores lesionados. Segundo Neuberger et al (1992), os zumbidos são o
primeiro alerta de exposição a um estímulo sonoro excessivo e podem indicar
maior susceptibilidade à lesão pelo ruído. Este é um sintoma importante na
prevenção da PAIR e um dos principais fatores preditivos de desvantagens
geradas para os trabalhadores expostos a ruído.
Conclui-se que as disfunções auditivas são queixas freqüentes na população trabalhadora, reforçando a necessidade permanente da adoção de medidas preventivas em relação à exposição ao ruído, tanto coletivas quanto individuais. Além disso, são fundamentais a pesquisa e a avaliação das disfunções auditivas nos exames ocupacionais dos trabalhadores expostos a ruído.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Perda auditiva induzida por ruído (Pair) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. 40 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador ; 5. Protocolos de Complexidade Diferenciada) ISBN 85-334-1144-8.
OGIDOL, R: COSTAL, E. A da: MACHADOLL, H. C. Prevalência de sintomas auditivos e vestibulares em trabalhadores expostos a ruído ocupacional. Rev Saúde Pública 2009;43(2):377-80. Artigo baseado em dissertação de mestrado de R Ogido, apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, em 2004.
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