10 de nov. de 2020

Câncer relacionado o trabalho

 


O câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil. Aproximadamente 60% dos casos ocorrem em estados e municípios de baixa e média renda. Estudos atuais demonstram que cerca de 19% de todos os tipos de câncer decorrem de fatores ambientais, dentre estes, cerca de 900 agentes cancerígenos são geralmente identificados e avaliados pelo seu potencial carcinogênico no local de trabalho. O câncer relacionado ao trabalho é definido como decorrente da exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo após a cessação da exposição. Nos ambientes de trabalho podem ser encontrados cancerígenos como o amianto, a sílica, o benzeno, o níquel, cromo, radiação ionizante, e alguns agrotóxicos, cujo efeito pode ser potencializado na exposição concorrente a fatores como a poluição ambiental, dieta rica em gorduras trans, álcool, tabagismo e agentes biológicos. 

É importante reconhecer a relação causal entre agentes ocupacionais e localizações específicas de câncer. Existe um consenso no que se refere a uma subestimação significativa do câncer relacionado ao trabalho, indicada pela análise dos dados epidemiológicos, principalmente devido ao longo período de latência dessas doenças. O câncer por exposições ocupacionais geralmente atinge regiões do corpo que estão em contato direto com as substâncias cancerígenas, seja durante a fase de absorção (pele e aparelho respiratório) ou de excreção (aparelho urinário), o que explica a maior frequência de câncer de pulmão e mesoteliomas de pele e de bexiga nesse tipo de exposição. Não há distinção quanto ao aspecto clínico e história natural do câncer não ocupacional.

As exposições a carcinogênicos ambientais e ocupacionais reconhecidos podem ser reduzidas ou eliminadas, proporcionando um benefício importante à saúde de todos os indivíduos, do público exposto e das gerações futuras, garantindo a equidade por razões socioeconômicas. O investimento da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA em projetos de pesquisa visa à identificação das lacunas de conhecimento nacional sobre a prevalência e os efeitos dos agentes químicos, físicos e biológicos presentes nos ambientes onde se vive e trabalha, com o objetivo de subsidiar ações de prevenção e controle do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente, além de ações de vigilância (da exposição, dos trabalhadores expostos, do ambiente e da doença) nos estados e municípios.

Pressupõe-se que se reduzidas ou eliminadas as exposições a agentes químicos, um número expressivo de novos casos de câncer poderia também ser evitado. Os processos de vigilância em saúde devem ser frequentes nos ambientes de trabalho, bem como, estabelecer ações de atenção integral à saúde desses trabalhadores expostos, considerando que, os danos à saúde ocorrem em longo prazo. A avaliação de risco desses agentes tem o intuito de buscar medidas de saúde pública para reduzir o risco de cânceres evitáveis relacionados a agentes ambientais e ocupacionais.  A exposição à maioria deles é absolutamente evitável. São fundamentais para diminuição do número de casos novos de câncer e a prevenção de mortes associadas à doença, além do investimento no desenvolvimento de amplas ações para melhoria do controle do câncer em todos os níveis.

REFERÊNCIA: 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018. 202 p. : il.

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