A Mostra Beto Novaes foi um espaço criado na 5ª CESTT com o objetivo de proporcionar reflexão, sensibilização, acolhimento e discussão na temática de saúde do trabalhador, por meio de recursos audiovisuais, com exposição fotográfica e espaço para assistir os documentários durante todo o evento.
Natural de São Carlos (SP), José Roberto Pereira Novaes – ou Beto Novaes – construiu uma trajetória marcada pelo cruzamento entre conhecimento científico, arte e compromisso social. Bacharel em Agronomia pela USP, mestre em Engenharia de Produção (COPPE/UFRJ) e doutor em Ciência Econômica (Unicamp), é professor aposentado da UFRJ, onde desde 1989 coordena o projeto "Educação através das Imagens".
Beto Novaes usou o cinema para transformar dados em narrativas humanas e dar visibilidade a quem o sistema costuma silenciar, retratando em seus documentários tanto as injustiças quanto a resistência dos trabalhadores brasileiros. Percebendo o potencial do audiovisual como ponte entre saberes acadêmicos e populares, iniciou sua trajetória com "O que eu conto do sertão é isso" (1978), revelando já então seu olhar crítico e sensível sobre o mundo do trabalho.
A partir de 1989, como coordenador do projeto "Educação através das imagens” na UFRJ, consolidando seu compromisso com a democratização do conhecimento. Mais recentemente, a partir de uma parceria com a Fiocruz em 2010, produziu marcantes documentários:
* 2013 - "Nuvem de Veneno": traz uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento agrícola brasileiro, e denuncia os impactos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente, mas especialmente, na saúde do trabalhador.
* 2013 - "Linha de Corte": retrata as condições precárias de trabalho nos canaviais, incluindo entre outros, o modelo de pagamento por produtividade, mostrando as consequências na saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.
* 2015 - “As sementes”: O filme foi inspirado no livro “Mulheres e Agroecologia: transformando o campo, as florestas e as pessoas” de Emma Siliprandi, e retrata a trajetória de luta de mulheres, de diferentes locais do país, que são lideranças e referências em movimentos agroecológicos.
• 2016 -"Mulheres das Águas": O documentário retrata a luta das pescadoras dos manguezais nordestinos contra ameaças ao seu modo de vida tradicional, mostrando como elas se organizam para defender seus territórios, garantir direitos e preservar o ecossistema que sustenta suas famílias e a biodiversidade local.
Sua trajetória também é pautada por parcerias com instituições como Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); por participações em ações educativas e de formação englobando desde escolas até profissionais de saúde. Já recebeu diversos prêmios e fez apresentações em incontáveis congressos.
Beto Novaes não apenas registrou histórias, ele acreditou que a arte pode (e deve) ser um instrumento que inspira reflexão, ação e transformação. Seus documentários são públicos, acessíveis e feitos em colaboração com as comunidades retratadas. Essa postura reforça seu compromisso com um cinema que não apenas informa, mas mobiliza.
Sua obra nos lembra que, por trás de cada número, há um rosto. Por trás de cada injustiça, há uma resistência. E por trás de cada luta, há muitas mãos unidas.
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Veja um dos documetários de Beto Novaes, "O Diagnóstico":
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