Ontem foi realizada uma audiência pública comandada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região (PRT) no auditório da Secretaria Estadual de Saúde sobre as condições de uso do produto químico (diflubenzuron/temefós) pelos trabalhadores de saúde no combate ao vetor da dengue em Pernambuco.
O procurador Fábio André de Farias havia anteriormente solicitado à Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador – GAST e Centros de Referência Regional e Estadual – CEREST um levantamento sobre como tem sido o manuseio e aplicação do produto pelos Agentes de Saúde Ambiental dos municípios de abrangência do estado.
Após a coleta de dados realizada em 69 municípios de abrangência dos CERESTs Regionais foi elaborado um relatório por uma equipe de sistematização e apresentado na audiência.
Segundo o relatório, trabalhadores podem expor-se durante e após o uso recomendado do produto, com riscos à saúde. A exposição ao diflubenzuron e temefós provoca uma série de efeitos tóxicos sobre a saúde humana, em especial a dos trabalhadores como os Agentes de Saúde Ambiental, que estão continuamente expostos ao produto. Dentre os possíveis problemas destacam-se anemia hemolítica, alterações histopatológicas no baço e fígado irritação da pele e olhos entre outros. Mas vale ressaltar que são problemas diretamente dependentes do tempo de exposição e manuseio incorreto do produto.
Foi identificado na avaliação que atualmente os municípios utilizam três produtos diferentes: temefós, alfacipermetrina e diflubenzuron, sendo que os dois primeiros são mais utilizados. O dilubenzuron só é utilizado em apenas três municípios.
O estudo procurou saber se os municípios disponibilizam e orientam os agentes a utilizarem o Equipamento de Proteção Individual (EPI) e constatou-se que nem todos utilizam material adequado, porém todos os agentes que preparam a mistura dos produtos utilizam algum tipo de proteção. Os municípios informaram ainda que realizam treinamento de seus agentes para a manipulação adequada dos produtos químicos.
Segundo Andréa Lagreca, gerente estadual de saúde do trabalhador de Pernambuco é importante fazer um monitoramento contínuo da saúde desses trabalhadores em todos municípios do estado através de exames periódicos e destaca a utilização dos EPI: “é importante garantir o EPI para todos agentes de saúde bem como verificar a qualidade e o conforto deles. Caso seja necessário, é preciso aumentar a oferta, mas esse número só saberemos após a finalização de todo o processo para então darmos encaminhamento às recomendações da Procuradoria Regional do Trabalho ”
A audiência que contou com a participação de Carlos Vaz - coordenador da Política Nacional de Saúde do Trabalhador; Paulo César - Área técnica de controle da Dengue, ambos do ministério da Saúde, Lia Giraldo do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães/Fiocruz, Lindinere Ferreira da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador, representantes de entidades sindicais, CERESTs e Vigilância Estadual, foi encerrada as 12:30 e teve como encaminhamento uma nova agenda para discussão e definição das ações a serem executadas pela rede estadual de saúde do trabalhador de Pernambuco.
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